
Já faz um ano e meio que minha família se mudou para a casa onde moro atualmente e eu nunca tinha aberto o outro lado da janela. Era tão certa a ideia de que nunca precisaria abrir o outro lado que até passei durex entre a cortina e o vão da janela, num dos primeiros dias de mudança. Que fique fechado para sempre. Afinal, fica do lado da cama e não há motivo para se querer ser acordado pelo sol antes do despertador tocar.
Acho que se parece com a ideia de inverter o penteado. Tem gente que tem um penteado que divide ao meio, bem anos noventa, outros já preferem de um lado ou de outro. Pessoalmente, prefiro da esquerda para direta. Pensei em dar o exemplo de ser canhoto mas não tem nada a ver. Tudo isso deve ter a ver com biologia, sempre tem.
O lado janela não tem a ver com nenhuma matéria escolar, disso eu sei. Assim como o penteado, a gente pode querer trocar o lado que a cortina fica aberta. Há alguns anos, decidi mudar de vez e inverter o lado da franja, da direita para esquerda, para espanto do cara que cortava meu cabelo. Ao mesmo tempo, tentei fazer todas decisões invertidas. Nunca contei isso pra ninguém na época. Só lembro que errei muitas questões multiplas escolhas nas provas. Não foi um desastre completo pois o experimento só durou um mês, mas tenho que admitir que adorei o vento no ônibus bater no lado certo e não bagunçar o cabelo todo.
Até que o durex saiu, por estar mal colado mesmo. Também não levo muito jeito para trabalhos manuais, era do tipo de criança que recortava tudo torto. O que aconteceu a partir disso é que eu passei a acordar um pouco mais cedo todas as manhãs. Até que o incomodo cessou. Quando chove, acordo e fecho o vidro. Sono pesado é uma benção. Já as noites são mais agradáveis pela brisa fresca que incide direto sobre a cama. Sem dúvida, passei a abrir o outro lado da janela.